TELEFONE-NOS : + 351 21 441 8195

Notícias

Voltar a exibir todos as notícias

Armando Soares, o presidente fundador da Associação Luchapa, recebeu o Oeiras Digital para uma entrevista onde fala não só da Associação, mas também sobre o município de Oeiras

Foi na Casa de Chá do Palácio do Egipto, com um maravilhoso chá e scones quentinhos acabados de fazer, que Armando Soares, o presidente fundador da Associação Luchapa, recebeu o Oeiras Digital para esta entrevista. Sempre bem disposto como lhe é característico, acedeu a falar não só desta associação sem fins lucrativos como também sobre o município de Oeiras.

 

Fale-nos um pouco do balanço que faz da atividade que a Luchapa tem vindo a realizar ao longo destes anos?

Bom, esta associação surgiu da união de vários oeirenses dos mais diversos estratos sociais, idades, crenças e ideologias, há já quatro anos e com um plano estratégico bem delineado. A primeira missão é sem dúvida a de dinamizar o Palácio do Egipto e consequentemente o centro histórico da vila de Oeiras, tarefa que temos conseguido assumir com o êxito que todos conhecem. Contabilizam-se já pelas várias centenas os espectáculos, as exposições de arte, os lançamentos e apresentações de livros, as tertúlias poéticas, as conferências, atividades para crianças… mas também as aulas de música, de dança, de yoga, de meditação, sei lá eu já que mais… Tanta coisa!

 

A segunda missão surgiu naturalmente, fruto da sensibilidade que todos temos à ineficácia do estado numa das suas missões primordiais e incidiu num foco mais virado para a intervenção social. Nesse capítulo, todas as terças feiras ininterruptamente realizamos uma ronda pelos sem abrigo espalhados um pouco pelo município, levando uma sopa quente, um agasalho e uma palavra de conforto e reforçamos os cabazes alimentares de várias famílias carenciadas dentro e fora do concelho de Oeiras. 

 

Seria fastidioso aqui dissecar em pormenor cada actividade cultural, cada artista português consagrado que aqui veio, ou cada sorriso, cada pequeno sucesso que testemunhamos, também no apoio que damos a quem precisa. Basta dizer-lhe que para além da comida e da roupa, já oferecemos óculos de ver a quem há muito anos não via, ou uma dentição nova a quem há décadas não sabia o que era sorrir ou mastigar. Tem noção do peso que isso tem na vida de uma pessoa? O quanto faz tudo isto valer a pena? Evidentemente que muito do que fazemos é fruto das parcerias que temos vindo a desenvolver com entidades públicas e privadas com quem articulamos.

 

Sabe, há sempre muito para fazer! Quem não quer, arranja sempre uma desculpa.

 

 

Vai ser lançado agora um novo site da Associação Luchapa. Qual o principal intuito desta aposta também num espaço on-line da associação?

Sim, é dia 7 de Junho, dia do município de Oeiras. Já possuíamos um site no mesmo endereço www.luchapa.pt mas com o andar dos anos foi-se tornando obsoleto e a precisar de outro dinamismo. O que se trata agora é pois de um refrescamento, com mais informação sobre a nossa atividade, sobre a nossa história, com alguns textos motivadores, em busca da ampliação das consciências na qual acreditamos ser o caminho.

 

É também um chamamento a que se juntem a nós, se inscrevam como sócios, ou como voluntários e a que compareçam e se interessem pelas nossas atividades.  

 

Comunicamos muito através das redes sociais e de outras plataformas digitais, mas queremos que o site seja a nossa base, a nossa casa virtual no ciberespaço. De qualquer forma, continuamos a incentivar a que nos visitem no Palácio do Egipto e bebam um chá connosco na Casa de Chá que nos serve de sede filosófica. Estou e estamos sempre disponíveis para uma boa conversa.  

Sede filosófica? O que quer dizer com isso?

Sim. “Sede filosófica” porque somos uma amálgama de gente que vai dos pensadores e professores de várias áreas, aos artistas e outros artífices. Pensamos o futuro não só de Oeiras como de Portugal e do mundo e metemos mãos à obra. E também porque apesar de muitas pessoas pensarem que todo o Palácio do Egipto é explorado por nós, isso não corresponde à realidade.

 

A esmagadora maioria das nossas atividades é feita no espaço interior e exterior da Casa de Chá do Palácio, cortesia das suas proprietárias que fazem inclusivamente parte dos órgãos sociais da Associação e temos ainda autorização da Câmara Municipal de Oeiras que é também nossa parceira, utilizando os acervos do Palácio para realizar algumas atividades e armazenar os bens alimentares e roupas que recolhemos nas campanhas nos supermercados ou que os cidadãos nos trazem. Isso reverte junto de quem mais precisa.

 

Então isto significa que não têm sede?

Não, efetivamente não temos. Todavia nunca será esse o impedimento, para mais numa altura em que vamos intensificar a nossa atividade quer durante este ano, quer durante o próximo. De qualquer forma, já apresentamos ao Senhor Presidente da Câmara Municipal de Oeiras e à Senhora Vereadora da Cultura e Ação Social algumas sugestões, até para outros projetos que temos de dimensão apreciável e verdadeiramente inovadores para o concelho, nalguns casos mesmo para o país e que não custariam dinheiro ao erário público.

 

O Senhor Vice Presidente da Câmara Municipal indicou-nos a desativada Escola Básica Sofia de Carvalho em Algés e fizemos um projeto para ela. Depois apresentamos um projeto global para vários espaços devolutos na Fábrica da Pólvora, mas também não obtivemos sucesso. Aguardamos agora com natural expectativa os resultados das soluções vencedoras para ambos os espaços, até para quem sabe efectuarmos algumas novas parcerias.

 

Escrevemos precisamente agora a terceira e última proposta, que vai no sentido de ocuparmos as salas devolutas precisamente no Palácio do Egipto que se encontra cada vez mais degradado e de se efectuar um contrato programa, onde possamos à semelhança de outras associações no concelho de Oeiras, dinamizar todo o Palácio, baixando mesmo os custos operacionais que a autarquia gasta, realizando ainda mais e melhores actividades.

 

Estou em crer que o Senhor Presidente da Câmara Municipal de Oeiras não deixará passar esta oportunidade.

 

Porquê o dia 7 de Junho para lançar o site da Associação Luchapa?

Porque é o dia do município de Oeiras! É a nossa forma de demonstrar aos oeirenses que gostamos deles e que desenvolveremos sempre a nossa actividade cultural e de intervenção social e comunitária precisamente a partir deste belo concelho que é Oeiras.

 

Uma última questão. Foi deputado municipal em Oeiras, depois adjunto do Presidente da Câmara Municipal de Oeiras Dr. Isaltino de Morais e deputado da Assembleia da República nesta legislatura. Aliás ainda é? Como vê a situação política nacional e local?

É uma boa pergunta, (sorriso) mas deverá ser objecto de outra conversa, mais daqui a uns meses, até porque a Luchapa é apartidária, tem gente de todas as expressões políticas e religiosas e não quero por isso deturpar o foco desta entrevista.

 

Ainda assim, estive de facto como Deputado na Assembleia da República em substituição, porque não fui eleito directamente no Distrito de Lisboa. Com a peculiar e histórica mudança de governo, encontro-me actualmente a dois lugares de entrar novamente, o que poderá ou não, acontecer até ao final da legislatura.

 

De qualquer forma, gostaria tão somente de dizer que no final, o que interessa é governar para as pessoas! Seja a partir de um partido político, um movimento independente, uma associação sem fins lucrativos ou qualquer que seja a estrutura. O que interessa é realizar!

 

Muitos dos protagonistas esquecem-se disso ao longo da sua caminhada e preferem dar o lugar a ódios e a raivinhas antigas, alimentar boatos e intrigas, ao contrário de procurarem a paz social e a defesa intransigente do erário público.

 

Mas sabe, a curto prazo pode até parecer uma boa estratégia para os seus cegos seguidores, todavia a médio longo prazo dá sempre mau resultado. Ainda assim, todo o ser humano vai sempre a tempo de mudar e de procurar a sua recuperação.

 

Nos tempos que correm, a divisão entre esquerda e direita, ou entre pobres e ricos, crentes ou não crentes, ou ainda entre brancos, pretos, vermelhos ou amarelos: é uma grosseira estupidez.

 

Afirmo sem qualquer reserva, que a bem de Portugal, espero que este governo da esquerda unida seja bem sucedido, apesar de me ter filiado no PSD há mais de duas décadas e por ele ter sido deputado, quer em Oeiras, quer na Assembleia da República. Nos mesmos termos, espero naturalmente que a Câmara Municipal de Oeiras presidida pelo Dr. Paulo Vistas seja bem sucedida, porque amo o meu concelho.

 

Haverá tempo para assumir publicamente uma posição sobre as eleições autárquicas e fá-lo-ei sem quaisquer reservas, depois de recolher todos os indicadores e de se apresentarem todos os candidatos. Atualmente, apenas observo as movimentações. Algumas lamento, mas também sorrio com outras.

 

Sabe, a brincar a brincar, já lido com o universo político há cerca de vinte e cinco anos. Já não é muito fácil surpreenderem-me. Já o inverso… nunca se sabe! (risos)

 

Voltar a exibir todos as notícias